ESPAÇO

Maior e mais profundo mapa do Universo está disponível para interação na web

Imagens feitas a partir de dados brutos do telescópio James Webb cobrem cerca de 800 mil galáxias e 98% de todo o tempo cósmico, a partir de 13,5 bilhões de anos atrás 

Mapa do Universo feito a partir de imagens do Telescópio Espacial James Webb disponível para observação e interação virtual -  (crédito: Reprodução/COSMOS-Web)
Mapa do Universo feito a partir de imagens do Telescópio Espacial James Webb disponível para observação e interação virtual - (crédito: Reprodução/COSMOS-Web)

A colaboração científica internacional Cosmos divulgou, nesta quinta-feira (5/6), o maior e mais profundo mapa do Universo construído até o momento, disponível de forma gratuita para interação na internet. Nomeado Cosmos-Web, o projeto foi elaborado a partir de dados coletados pelo Telescópio Espacial James Webb (JWST, na sigla em inglês), da istração Nacional da Aeronáutica e Espaço (Nasa), e forma um catálogo de quase 800 mil galáxias existentes durante todo o tempo cósmico, inclusive durante o Universo primordial. 

No site, é possível observar os astros e corpos celestes em alta qualidade, convertidos em imagem a partir de dados brutos do instrumento espacial. O usuário pode aumentar e diminuir o registro, devido à profundidade dele, bem como alterar configurações de contraste e brilho e localizar elementos específicos a partir de números de identificação íveis em catálogos. 

O Cosmos-Web remonta, a partir do que foi capturado pelo James Webb, a um período de cerca de 13,5 bilhões de anos. Uma vez que, segundo a Nasa, o Universo tem 13,8 bilhões de anos, o mapa cobriria aproximadamente 98% de todo o tempo em que o cosmos existiu. Assim, é possível ter uma visão mais ampla dos ambientes que existiam durante a formação das primeiras estrelas, galáxias e buracos negros — período conhecido como Universo primordial, ou Universo primitivo. 

“Queríamos ir além da busca pelas galáxias mais distantes”, informou, em comunicado para a imprensa, uma das cientistas responsáveis pelo projeto, Caitlin Casey. “Queríamos obter um contexto mais amplo de onde elas viviam.” 

Com o JWST, ela afirma que é possível enxergar cerca de dez vezes mais galáxias, e de diferentes tipos, do que o esperado nos primeiros 500 milhões de anos após o Big Bang. Assim, é possível notar que, desde muito cedo, o cosmos produzia muita luz que dificilmente teria sido formada, de forma tão rápida, por tantas estrelas geradas em tão pouco tempo — o que gera dúvidas em relação ao modelo cosmológico que se conhece hoje. 

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Além disso, é possível ver buracos negros supermassivos que não eram visíveis com o telescópio anterior da Nasa, o Hubble. “Nosso objetivo era construir esse campo profundo do espaço em uma escala física que excedesse em muito tudo o que já havia sido feito”, enfatiza Casey. 

Disponibilizar para entender

“Há muitos detalhes para desvendar e muitas perguntas sem resposta”, esclarece a pesquisadora. Por isso, a disponibilização do mapa de forma gratuita para pessoas do mundo inteiro é importante, em um esforço para aprimorar a compreensão que se tem sobre a “povoação do Universo primitivo” e sobre a evolução dele até os dias atuais. 

Embora estejam disponíveis para qualquer pessoa que á-los na internet em forma de imagens, os dados brutos do James Webb em si e os catálogos produzidos a partir deles — que também foram divulgados pela Cosmos — são úteis para cientistas com o a supercomputadores que possam processar e interpretá-los. 

Para identificar uma galáxia na imagem, por exemplo, é preciso coletar e analisar os dados brutos; e, para verificar a idade delas, é preciso confirmar a distância a partir das fontes de luz — com uma técnica chamada espectroscopia, em que essa luz é dividida em um prisma.

Casey diz que também será estudada, a partir das imagens e dos dados, a química interestelar nos sistemas identificados, a partir de rastreamento de nitrogênio, carbono e oxigênio. 

“Uma grande parte deste projeto é a democratização da ciência e tornar ferramentas e dados dos melhores telescópios íveis à comunidade em geral”, sugere a cientista. “Porque a melhor ciência é realmente feita quando todos pensam sobre o mesmo conjunto de dados de forma diferente. Não cabe apenas a um grupo de pessoas desvendar os mistérios.”

  • e aqui o mapa Cosmos-Webb.

postado em 05/06/2025 23:31
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